sábado, 19 de janeiro de 2013

Non Stare


Absoluto, do latim absolutus, enquanto adjetivo, caracteriza o que é pleno.
Eu, do latim ego
Lírico, do latim lyricus
Não, do latim non
Estou, do latim stare
Absoluto.

Me deixaste, sabes bem, a contemplar as estrelas do teu olhar quando tua intenção era, mesmo a ti, desconhecida. Pousaste tua mão macia no meu rosto pálido e teus lábios doces na frieza dos meus. Rogaste ao meu coração guardado que se desgovernasse, como se fosse de teu interesse acalmá-lo dia a dia. Inebriaste-me lentamente e, aos poucos, sucumbi ao teu fascínio. Fiz que não, mas era tarde. O sangue voltou a correr e minha pele mortificada enrubesceu - não de vergonha, não de raiva, mas de paixão. E meus olhos de lata começaram a refletir o fogo dos teus. E minha boca, antes morta, acompanhou teu movimento. Encantado, meu corpo se entregou ao teu, sem saber que era cedo demais para que o recebesses. E me vi vazio na escuridão do universo - sem tuas estrelas, sem tua doçura, sem teu calor. Se não tivesses nunca apresentado-me à tua luz, eu continuaria a vagar como fazia ao te encontrar. Se não estou absoluto, sabes bem, é apenas porque me deixaste.

Um comentário:

Anônimo disse...

nossa, parece escrito pra mim, Fernando. passei por isso, sem tirar nem por, passei e ainda hoje me pergunto por que foi necessário que me fosse apresentado à luz, há uma nova luz, e que agora já não existe mais... não era necessário.

bem, acompanho sempre seu blog. você tem livros lançados ou projeto de lançar algum? seria ótimo.

abraços.