segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Primitivo

~somethingstupid @ deviantart.com

Como o calor do dia, o afago. Como animal selvagem, refugia-se em mim. Para que o tempo não passe, apressa seu movimento voraz. Para que o elã não pare, fareja meu medo e o destrói. Para que os raios não me assustem, me mantém na segurança de seu colo mítico.
Para que o mundo não o veja, nublo cada um de seus poros. Para que a chuva não o molhe, mantenho-o no aconchego do meu teto. Para que a vida não o roube, me asseguro de não desejar mais do que essa noite. Como as nuvens da chuva, o dissimulo. Como o escuro da noite, me devora.

Existe um ser que mora dentro de mim como se fosse a casa dele, e é. Trata-se de um cavalo preto e lustroso (...) que é ao mesmo tempo salvagem e suave. (...) Não se deve temer seu relinchar. - Clarice Lispector

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