sábado, 27 de março de 2010

Infinito(Nada Transcende a Utopia)

Nada de novo para contar, nada de datas a celebrar. Nenhuma canção para ninar, nenhum tom para tocar. Nenhum som para soar, nada de sol para suar.
Não ha piada para sorrir. Não há morte para chorar.
Nem mesmo o ar há de ventar, porque hoje é só mais um dia parado. Um dia igual a todos os outros. Sem acontecimentos impressionantes, desastres hilariantes ou comédias deprimentes.
Nada de roupas no varal. Nenhuma sombra nas calçadas. Nenhum pneu nos asfaltos.
Ninguém bate palmas. Sem qualquer casal se casando. Nenhuma brincadeira entre amigos.
Não há programa de rádio no ar. Não há TV com transmissão ao vivo. Não há que sintonizar-se antena alguma.
É o dia do santo sem nome, do apocalipse, do Fim - e, sim, só o Fim foi personificado.
Hoje é o dia em que haveríamos de encararmo-nos, duelarmos face a face, frente o abismo enegrecido que esconde nossos olhos. Cairíamos, agora, dentro um do outro - numa consonância jamais contada -, não fosse o fato de tudo já estar acabado; decretada a não-extraordinariedade destas 24 horas correntes, nada mais é passível de ser feito: viveremos, sabendo que nossas vidas, paralelas, não marcaram encontro no infinito (nem em nenhum outro lugar).




In fact, here's just another ordinary day. Stevie Wonder

Um comentário:

Camila Almeida disse...

raul seixas devia sentir alguma coisa parecida quando cantava "no dia em que a terra parou". Ah, que bom que gostou do meu blog. fico feliz :)