terça-feira, 9 de março de 2010

Asas (Liberdade Maior é a de Amar)



_Decifra-me! - soou, decidida, a sua voz.
E depois disso, nada mais foi tão indiferente quanto sempre fora. Beijaram-se como se estivessem por beijar-se há vidas. Abraçaram-se como se fossem integrar-se em um só corpo, desfiando fio a fio um conceito tão físico, tão original. Para onde vai cada pequeno instante com a pessoa que se ama?
_Não há que guardar-se a lembrança do que não aconteceu. Aconteçamos, portanto, um no outro. - e, agora, as palavras pareciam sair mais calmas, delineadas por dentes brancos, lábios vermelhos, olhos tão profundamente dourados...
Era, sim, o que queria. Mas para que, se teriam tão pouco tempo? Ruminava a ideia de abandonar por ali mesmo o que certamente era a melhor chance de amenizar suas feridas, de alegrar seus sorrisos pálidos, de acalmar seu coração desritmado. Encontrava seus olhos nos olhos que olhava e segurava a lágrima que persistia em escapar-lhe de qualquer jeito. Forçou-se um pouco mais e conseguiu dizer:
_Sim, havemos de efetivar-nos um no outro como acontecimentos destes que não se descreve. Sobretudo porque eu prometo que voltarei. Voltarei para você... porque eu te amo!
Beijaram-se. E não seria exagero algum dizer que eram o centro do universo. Dançavam ritmados pelas batidas de seus corações, em uníssono. Sentimentos enchiam o ar, pois não cabiam em tão pouco espaço. Talvez chovesse lá fora, ou um casal estivesse de mãos dadas admirando o reflexo da lua nas pequenas ondas de um lago. Talvez crianças brincassem de roda, ou fosse o dia dos namorados e aquele garoto estivesse levando uma rosa para alguém. Talvez alguém recitasse um poema em francês, ou um fotógrafo registrasse o momento tão oportuno do casal que alimentava pombos no dia de suas bodas de diamante. Talvez o dia devaneasse a noite, ou esta estrelasse um espetáculo ainda mais vivo como o colorir de um arco-íris.


Nada é pra sempre na forma em que supomos e tudo é eterno de um jeito que jamais imaginaríamos. (Autor Desconhecido)

3 comentários:

Ludi disse...

"Não há que guardar-se a lembrança do que não aconteceu. Aconteçamos, portanto, um no outro"
Que lindo, Fer...
se vc vai varandear comigo, eu que n vou desgrudar daqui....rsrsrsr
adorei seu blog tb, viu?
um beijo.

Camila disse...

gostei do post.
hoje vi um comentário seu num antigo blog que eu tinha, hoje desativado
caso te interesse, escritos atuais em www.ensimesmar.blogspot.com :)

Monique disse...

Uau, muito bom, Fer!
Em algumas passagens lembrastes um pouco as minhas próprias histórias, talvez por falarmos de um mesmo tema. Mas, soubestes definir o sentimento, enquanto eu... Só sei sentir.