terça-feira, 3 de novembro de 2015

Epifania #02






I used to hide
Now it's gon’ be hard
To stem this tide


Meu corpo não é uma prisão. Minha mente é.
Minhas ideias são barras maciças de metal; minha ignorância é um muro de concreto; meus medos são algemas. Eu me detenho porque quero.
Há uma satisfação estranha na autopiedade. É fácil viver preso sem se sentir culpado. É fácil acreditar que as visitas com hora marcada acreditam nessa inocência também. É fácil mandar cartas pra fora sem precisar ligar pras consequências. É fácil fugir da realidade pra se sentir em segurança.
É bom fugir da realidade. É prazeroso. É realizador.
Mas é passageiro.
E quando eu vi o tempo que eu perdi, vi que a realidade é passageira também.
A vida é um imprevisto com vários imprevistozinhos, todos correndo como crianças brincando de pique lá do lado de fora do meu muro de concreto. O tempo de construir é tão pouco e não dá pra perder. No final, não dá pra dizer que não deu, que não pode, que não foi capaz. No final, a plateia é grande demais pra acreditar nas mentiras que a gente conta pra si mesmo.

Eu não era assim.

Eu não quero mais ser assim.
Eu tô batendo no muro com as barras de metal e não vou parar enquanto não vir ele no chão. Tô destruindo minha ignorância com minhas ideias. E vou destruir minhas ideias com a realidade. E vou destruir meus medos com uma satisfação que não é estranha, porque não vem da autopiedade, mas do amor próprio. E vou construir ideias que sejam asas. E coragem pra voar.
Eu me escondia. Agora vai ser difícil me parar.

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