sábado, 9 de março de 2013

Sapere Aude



Você veio de tão distante, aerolito. Do mais distante infinito espacial.
Na sua superfície perfeita, espelhou cada parte de mim com exatidão e esse magnetismo extraterrestre me impediu de fechar os olhos: eu vi.
Vi sua forma se desfazendo ao acomodar a minha, enquanto ainda lhe enxergava antecipando a translucidez fantasmagórica da minha imagem. Do brilho encantador nos céus ao estrondo assustador na terra, eu lhe vi e foi inevitável observar a radiação me invadir. Antecipando meu olhar, sua luz me invadiu, seu som me invadiu, e meu reflexo ultrapassou todos os limites, alastrou-se ao nosso redor como se nos tomasse e nos tornasse uma infestação única.
Você enxergou tudo o que estava escondido, aerolito. Tudo o que ninguém queria ver, nem eu. E me mostrou quem eu era. Não sou mais assim.
O oxigênio tornou sua superfície imperfeita e incapaz de me refletir. Já não funcionávamos, vacilávamos. E você se desfez.
Me conheci sob a sua forma. A poeira que você se tornou me ensinou a enxergar através da névoa. Em qualquer tempo ou espaço, me ousarei, me saberei, porque - graças a você - eu vi.

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