A ti.
Sabes quando eu disse que o ajuste não era perfeito? Lembras quando eu falei que o toque acariciava, sim, mas era cômodo? Ouviste todos os meus resmungos a respeito do sentimento ser vago? Eu nunca te amei. Desse jeito, não.
Quando os meus olhos se encontravam com os teus, com essa simpatia de outras encarnações, eles não te desejavam. Nem sequer desviavam para o teu corpo desenhado para mim. Eles viam abrigo no colorido do teu olhar e uma humanidade de que careciam no calor das tuas lágrimas. E esse aconchego parecia amor, mas não era.
Quando as minhas mãos trepidavam sob o teu dedilhar ritmado, tantas vezes divertido, elas não me deixavam alcançar. Nem pelos seus dedos, nem pelas suas palavras de afeto. Elas, por sua vez, te alcançavam e te sentiam como se eu pudesse ser feliz ao teu lado, te tocavam como instrumento que seguisse minha música. E essa companhia parecia amor, mas não era.
Eu conheci outra pessoa. Uma que também admiro, que também aceito, que também me faz bem como tu me fizeste. Que, além de tudo isso, eu amo.
Sei da injustiça que faço ao te deixar à minha espera e, mais ainda, sei da tristeza que provocarei ao dizer que meu lugar não é contigo. Mas tudo o que vivemos foi ultrapassado por esse arrepio que tenho só de pensar no amor, que eu finalmente conheci. Essa franqueza é o último pedaço de mim que vais receber. Lembra-te, sobretudo, que não fui desleal.
Não me procura mais.
A.
Projeto Bloínques - 6ª Edição Cartas
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