quarta-feira, 7 de novembro de 2012

De uma velha garrafa



Não me importei mesmo que te foste. Não me interessava te prender por causa desse amor gasto que rasga meu peito e cobre meus olhos de lágrimas se penso em ti. Esse torpor não era saudável para nós. Só te peço que mantenha contato porque minha vida, ainda que inerte, sem ti não tem sentido.
Manda uma carta. Quinzenalmente está bom, embora eu saiba que, com o tempo, te esquecerás uma vez ou outra e a frequência diminuirá lentamente. Ainda assim estará bom. Em vez de sentir-te passar como o vento que antecipa as tempestades de verão, terei a sensação que sumiste vagarosamente como o sol que se põe.
No primeiro dia, escreve-me todas as cartas de amor que jamais foram escritas.
Continua com um poema, uma novidade, um abraço imaginário. Pelo menos um verso, uma notícia, uma saudade.
Quando eu já tiver perdido a noção do tempo e começar a duvidar se teus olhos eram da cor da água-marinha ou do ouro que a envolve nesse anel que guardei esperando tua volta, me escreve teu lindo nome bordado, um verso de folha sem título, um trecho de música que me faça lembrar. Num avesso, uma nota; ou um pós-escrito num fim de página.
Escrevo-te porque gostaria de te ver mais uma vez sem essa sensação de que será a derradeira. Te dou o teu espaço se me deres os meus perdões.
Esculpe-me, crava-me na tua alma, não me esquece.
E, por favor, escreve-me, me mantém informado.

Reescrevi esse texto, que já foi publicado aqui antes com o título "Mantenha-me informado", e quis publicá-lo outra vez (com outros sentidos, outras interpretações, outros sentimentos).
Antes de ir embora, é muito válido ouvir essa música do Pethit que me faz chorar:



Um comentário:

Monique Burigo Marin disse...

Fer, obrigada pelas palavras, obrigada por me trazer um alfabeto de sorrisos toda vez que aparece. :)

Às vezes a gente fica esperando uma resposta, sem saber que a carta não chegou ao seu destino. Sem saber que o destino está esperando a gente decidir aonde deve chegar.

Adoro seus textos, sempre mais.