domingo, 29 de janeiro de 2012

Um Silêncio Antigo.

Qual seria a sua idade se você não soubesse quantos anos você tem?



A pele que mostro, tão jovem. O ar que respiro, tão forte. A carne que habito, tão tenra. O sorriso que escondo, tão puro.
Minhas amarguras encarceradas nessa cura, minhas rugas apagadas da história, meus desejos avivados noutros olhos, meus amores dissolvidos na memória.
Como a água fria; minha mão vazia; encosta no peito; aperta sem jeito; dá um certo medo; mas não é segredo; que entorno abusando; e até suspirando; gota em cada poro; pra cobrir o choro; desse estranho corpo.
Sentimento mudo (resistente escudo) que uso e disfarço (porque me embaraço) nessa tentativa (quase suicida) de me permitir (sem sucumbir) viver além (de sobreviver).
Não me reconheço. No espelho, me adereço e saio por aí. Nesse exercício de atingir uma identidade. Nego a verdade de ser assim, sim. Para mim.

Um comentário:

Monique Burigo Marin disse...

Lindo! Adorei.
A pergunta é ótima. Eu acho que mudaria de idade todos os dias, há vezes em que sou menina e necessito esquecer dos problemas mundanos, só quero brincar, inventar a vida. Há dias em que me sinto velha, cheia de marcas e sem esperança.