sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Sonhar



Choram, desesperados em si.
Perderam-se.
Desacordaram.
Seus sonhos foram todos banidos pela desesperança, já dominante.
Foram todos jogados nas latas de lixo, nas margens dos rios, nos becos sem saída, nas esquinas escuras. Tornaram-se pesadelos em todas as notas de tom maior.
Desacordados, tinham de conviver com este triste fim.
Seus corações abalados, seus pulmões pressionados, seus corpos ressequidos, destruídos. Caíam pouco a pouco no abismo criado por eles.
É a falta de esperança que destrói os sonhos ou é a falta de sonhos que destrói a esperança?
Paulatinamente, escurece ao seu redor; os olhos deles se fecham. E acordam.
Daí, não fazem senão correr pelas lixeiras, rios, becos e esquinas a buscar os sonhos perdidos.
Correm, enquanto os trovões anunciam a chuva. A luz dos raios é só o que lhes permite ver o caminho.
Correm, molhando-se, e aos poucos conseguem adereçar suas nuvens com aquelas estrelas de esperança: seus sonhos.
Correm a recuperá-los e realizá-los, até que tudo se ilumina, mesmo à noite; a chuva, que já havia começado, cessa; e tranquilizam-se, finalmente.
Sonhos não são frases de efeito, truques pirrotécnicos ou portas de fuga. São reflexos dos sonhadores, de suas almas... Verdes almas, ainda que tão amadurecidas.
Antes de amanhecer, desacordam, abrindo os olhos para o mundo assim que o despertador soa. E os pesadelos voltam a assombrá-los, como fazem todos os dias, tão logo deixem o aconchego do sono; o aconchego do universo de seus sonhos.
Desacordam e - choram, desesperados em si.

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